Correndo a fé [Devocional 02]

Um dos aspectos básicos e essenciais do atletismo é olhar para frente. Mesmo quando você está correndo, nunca devemos nos concentrar em nós mesmos ou nos outros. Uma maneira certa de perder uma corrida ou aumentar as chances de se machucar é olhar para as pernas dos outros corredores.

Na vida cristã, o assunto não é diferente. Toda vez que nos concentramos uns nos outros, começamos a tropeçar e brigas e divisões surgem. Como alguém disse uma vez: "Quando dois ou três estão juntos - surgem problemas!"

A corrida do Evangelho nos convida a estar atentos a muitos elementos que corroem e até destroem nossos relacionamentos com os outros. Aplicar o evangelho apenas quando nossos relacionamentos estão errados é essencial. Por exemplo, quando falamos de perdão, uma questão fundamental é: vamos olhar para a pessoa que nos perdoou ou que nos feriu?

Há outra dinâmica nesta corrida, também expressa em Hebreus 12:1. Devemos lançar o pecado que nos rodeia. Não só temos que enfatizar a fé (receber o evangelho em nossos corações), também temos que enfatizar o arrependimento (renunciando a nossos desejos e pecados). Nessa corrida, o pecado é como usar um casaco grosso ou amarrar os cadarços. Nossos pecados são pesos que complicam nossas vidas e nos fazem tropeçar e cair. O evangelista Sadhu Sundar Singh observou: “É fácil morrer por Cristo. É difícil viver para ele. A morte leva apenas uma ou duas horas, mas viver para Cristo significa morrer diariamente.” A vida cristã implica morrer. Fé significa morrer! Ter fé é acreditar em verdades que vão contra a nossa maneira natural de ver as coisas. Arrependimento significa morrer! Bem, lamentar é desistir de desejos alojados. Amor significa morrer! Bem, amar é dar a nossa vida pelo bem dos outros. Quando morremos, escolhemos a posição fraca. Assim como Cristo, que suportou a cruz e sua vergonha (versículo 2), somos chamados a assumir a posição fraca e depreciada. Esta é a posição do poder, porque Deus dá graça aos humildes e seu poder se torna perfeito em nossa fraqueza.

Finalmente, esta corrida é uma corrida de perseverança (versículo 1). Desculpa, mas esta não é uma corrida curta e rápida, mas uma maratona de longa distância que requer perseverança e esforço contínuo. Temos que continuar na fé e no arrependimento. Assim, o Evangelho nos desafiará a nos perguntar, repetidas vezes, não se nos arrependemos ou não ontem, mas se nos arrependemos hoje ou não. Estamos crendo e obedecendo hoje? A grande questão não é se começamos ou não a vida cristã, ou quando começamos, ou se começamos de forma dramática o suficiente. A questão é se estamos ou não confiando em Cristo neste momento. Todos os israelitas passaram pelo Mar Vermelho, mas ainda se renderam no deserto. O mesmo evangelho foi pregado a eles, mas não adiantou, porque não foi combinado com a fé (Hebreus 4:2). Eles ainda tinham o mais magnífico sistema de leis da história, mas não completaram a corrida, demonstrando assim a impotência da lei (Romanos 8:3). 

Então, como podemos completar a corrida? O poder de continuar a corrida vem do Espírito quando nós tomamos a posição fraca diariamente, morremos para nós mesmos e descansamos em Cristo. Este é o ponto central do Evangelho.